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É uma tarefa difícil escrever o prefácio da terceira edição da Pulpversos: Fantasia após muito já ter sido dito sobre como fantasia e poesia se relacionam, principalmente no âmbito desta coleção fantástica. Entretanto, acredito que tal desafio seja bem oportuno e nos permite falar sobre algo muito inerente à escrita, seja narrativa, seja poética: a limitação como combustível para criar.
Uma das formas poéticas que mais pratico é o haicai. Formalmente, este poema de três versos e dezessete sílabas varia entre abordagens mais tradicionais e outras modernistas. Por um lado, ganha-se com a necessidade de se ater ao que japoneses já escreviam e compilaram em coletâneas importantes muito antes de a Europa superar a queda de Roma. Assim, a busca por versos com kigô (a palavra que traz a estação para os versos) e kireji (termo que causa ruptura entre duas partes do poema) engrandecem o resultado e forçam os poetas a desenvolverem soluções mais criativas para tal execução.
Por outro lado, romper com um pouco das convenções pode trazer novos desafios ao processo, como o modelo de haicai assumido por Guilherme de Almeida, que trazia título no poema, rima do primeiro com o último verso e uma rima interna no segundo -- todos elementos que não existem no modelo original. Esse tipo de conduta faz com que o poeta também precise se contorcer para que tais objetivos sejam alcançados e ainda ater-se à métrica clássica de 5-7-5.
Todo esse preâmbulo se justifica para comentar como uma simples limitação, escrever poemas sobre fantasia, consegue fazer um recorte muito grande na escrita. Quando você estiver lendo a terceira edição da Pulpversos: Fantasia (sendo sincero, qualquer uma da grande coleção) verá que os poetas buscam diferentes maneiras de se limitarem e é isso que torna suas poesias mais fortes e atiça suas criatividades. Diferente do que muitos pensam, uma liberdade incondicional para produzir arte não é benéfica, mas sim um elemento quase paralisante ou motivador de descaso, algumas vezes.
Assim, seja com os poemas narrativos que evocam uma tradição milenar, seja com aqueles com formas fixas consagradas e rimas, ou ainda com estruturas mais modernas e sem métrica aparente, você observará aqui poetas que aceitaram o desafio de construir dentro desses limites para superá-los. As formas fixas, versos brancos ou livres são todas possibilidades criativas que permitem diversas composições, inúmeros propósitos e todos presentes neste volume (além dos anteriores e futuros) unem a poesia ao Fantástico para tocar os corações dos leitores com cada verso.
Boa leitura, e que o percurso neste caminho poético seja o melhor possível.
Gutenberg Löwe
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